Blog orientado pelo Núcleo Pedagógico da Diretoria de Ensino de São José dos Campos - PCNP de Filosofia e Sociologia

terça-feira, 30 de abril de 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Perspectivas filosóficas de uma educação permanentemente avaliativa


Muitas vezes, incorremos no erro de limitar o processo avaliativo à momentos de testes ou provas pontuais. Porém, na medida em que a Filosofia adentra e fixa-se como epistemologia peculiar e metaespitemologia a questão da avaliação se torna conflituosa e urgente de reflexão do seu papel em nosso agir pedagógico e filosófico. Para tanto, se lança o convite de revisitar os propósitos fundamentais da avaliação educacional presente na origem da reflexão filosófica grega sobre a educação.

A função da Filosofia, já no período naturalista, é ver aquilo que é necessariamente já visível à ciência e abrange a dimensão do oculto. Nesse sentido, nos afastamos de questionários clássicos que se apartam da reflexão com a realidade. Uma Filosofia que foge ao compromisso com os grandes pensadores que habitaram nossa história não apresenta horizonte de emancipação da realidade.

Desse modo, como fica o ethos - o comportamento - do filósofo diante do pensar?

A proposta grega de Paideia como educação integral carrega inúmeras e vigorosas reflexões sobre essa questão, não somente no período clássico. A modernidade também faz uso dessa postura filosófica frente a educação quando lança o movimento enciclopedista.

Enciclopédia significa ciclo da Paideia, ou seja, envolver-se no processo educacional. Durante o surgimento da filosofia moderna no século XVIII, surgiram vários intelectuais e pensadores que tinham a característica de ler muito antes de escrever: Thomas Hobbes, John Locke (esses ainda no século XVII) Voltaire, Montesquieu e Rousseau. Esses pensadores colaboraram de alguma forma para a publicação da Enciclopédia, livro idealizado pelo matemático D'alembert e pelo filósofo Denis Diderot e que tinha a pretensão de registrar todo o conhecimento humano nas mais diversas áreas em um único livro.

Se para os gregos a educação era Paideia, para os romanos acrescenta-se o ideal de cultivo do espírito, assim como se cultiva o campo. Nesse sentido, uma educação sem cultivo, sem acompanhamento (avaliação no sentido pleno do termo), é estéril. Enquanto o cultivo da educação habita a esfera política, a educação é política por excelência, o que é de interesse comum deve ser exercitado de maneira comum.

A educação para os romanos, em especial os estoicos das Escolas filosóficas imperiais, é compromisso civilizatório, abrange aquilo que desejamos enquanto sociedade e não pode jamais ser confundida como instrução para o trabalho, embora compreenda também o mundo do trabalho como uma das dimensões em destaque no processo formativo para a cidadania plena. O ideal helenista de Educação afirmava que “buscar em toda parte o útil é o que menos convém a homens magnânimos e livres”.

A educação representa a meta de todos os esforços humanos em busca da beleza. Cultura e civilidade estão amplamente ligadas ao processo educacional. A educação pode até não formar o gênio, mas forma o público, nesse ponto reside a particularidade da escola pública. Há significados fundamentais que estão passando ao largo da história dos nossos alunos.

O escopo da educação formal é o aprimoramento da capacidade de discernir. Discernir sobre a multiplicidade de caminhos, em latim curriculum. A linguagem, enquanto diversidade de “dialetos”, pode abrir clareira para o desafio da multiplicidade. Nesse sentido é importante situarmos que os discursos políticos e pedagógicos estão plenos de receptáculos à diversidade e ao direito de cada pessoa em ser quem é independentemente e acima de qualquer coisa. Contudo, a apologia da multiplicidade significa adesão a ela? Para Deleuze, não. “Não basta dizer viva o múltiplo. É preciso fazer o múltiplo.” (DELEUZE, 2003, p.14).

Temos diante de nós, professores de Filosofia que somos, a necessidade de criar uma adaptação dinâmica e constante do Currículo dentro de conduta de atenuação plausível diante de todo arcabouço reflexivo que a história da humanidade nos fornece. Caminhamos para o múltiplo, ou aquilo que algumas correntes pedagógicas nomeiam como flexibilização do currículo. Lembrando que a loucura de uma época é a civilização de outra era.

A tarefa de ensinar a ler e a escrever um texto de Filosofia é do professor de Filosofia e não do professor de português. Apresenta-se diante dessa perturbadora sentença a urgência de fazer com que nossos alunos adquiram uma postura filosófica diante da leitura. Talvez isso possa encontrar seus primeiros passos na medida em que o professor passa a ler junto com os alunos os textos puramente filosóficos.

A missão da Filosofia passa pela elaboração de questões existenciais e complexas sobre a vida aos nossos alunos, mas, sobretudo, também é nossa missão de caráter eminentemente filosófico desfazer problemáticas ou ao menos promover uma reflexão que contribua para isso. O estudante deve ter acesso direto à filosofia. O professor não pode ser obstáculo para isso. Discutir por meio dos textos pode ser a minha morada como professor de Filosofia.

Tal mudança de postura, na qual o educando é colocado face a face com a Filosofia, contribui para com que o aluno aprenda a investigar suas limitações. O filósofo dá um passo atrás, percorre o caminho não como uma seta condenada a ir sempre em frente, só vislumbrando o destino e convertendo-o em obsessão, mas como quem sabe que há outros passos sob os seus e horizontes ainda não contemplados à sua frente. Esse é nosso ethos, que poderíamos nomeá-lo de pedagogia do recuo ou pedagogia do caminho. Essa contribuição da específica da Filosofia deve contagiar também as outras áreas do conhecimento para que a escola possa vislumbrar o espetáculo de uma consciência que pensa.

 

Alex Rodolfo Carneiro
PCNP – Filosofia
 
*Texto apresentado na Orientação Técnica aos professores de Filosofia da Diretoria de Ensino da Região de São José dos Campos - SP

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Novo critério de avaliação de classes sociais baseado nos conceitos de Pierre Bourdieu


O Reino Unido divulgou, na semana passada, o mais extenso e completo estudo sobre classes sociais já feito por lá. Durante dois anos, sociólogos do Great British Class Survey (GBCS), órgão responsável pela pesquisa, se debruçaram sobre as mudanças não só na classificação econômica da sociedade britânica, mas, sobretudo, nas novas nuances culturais. Em vez dos tradicionais rótulos, como classes alta, média e trabalhadora, o novo estudo possui agora sete subclassificações: elite, classe média estabelecida, classe média técnica, novos trabalhadores afluentes, classe trabalhadora tradicional, trabalhadores de serviços emergentes e precários. 

No país que praticamente inventou a concepção de classes, muito por influência do seu tradicional sistema monárquico, fica claro que, a despeito da miríade de nuances, classe social historicamente foi definida por ocupação muito mais do que por qualquer outro atributo. A grande novidade da pesquisa que acaba de sair do forno é a exploração desta concepção a partir de uma maior abrangência de avaliação, que os pesquisadores chamam de “capital social” e “capital cultural”. 

No questionário aplicado para se chegar às definições, além de algumas perguntas relacionadas a propriedades, renda anual e poupança encontram-se, por exemplo, questões como: “com que tipo de pessoa você se relaciona socialmente?” Algumas das opções para essa pergunta passam por secretária, enfermeiro(a), professor(a), artista, presidente de empresa, cientista, motorista de caminhão, operador de telemarketing e contador. No entanto, a questão que talvez seja a chave para a nova classificação é “qual dessas atividades culturais você costuma praticar?” A lista de respostas compreende: visitar casas imperiais (no Reino Unido é comum esse tipo de hábito por causa da força da sua aristocracia), frequentar óperas, ouvir jazz, ouvir rock/indie, ir a shows, jogar videogame, assistir a esportes, ir ao teatro, praticar exercícios/ir à academia, usar Facebook/Twitter, receber amigos em casa, ir a museus e galerias, ouvir música clássica, fazer trabalhos artísticos e/ou artesanais, assistir a espetáculos de dança ou balé e ouvir hip hop/rap.

Os conceitos foram desenvolvidos pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. A ideia é que as redes sociais ou atividades culturais — as quais as pessoas costumam fazer parte ou praticar — contribuem para definir suas classes e perspectivas ao menos na mesma proporção que sua renda.

Ao observar essas conclusões, é inevitável pensar no Critério Brasil, há muito tempo ineficaz para retratar as diversas mudanças que a sociedade brasileira vem passando nas últimas décadas. O sistema de pontos para definir a classe do entrevistado leva em conta a posse dos seguintes itens: televisão em cores, rádio, banheiros, automóvel, empregada mensalista, máquina de lavar, videocassete/DVD, geladeira e freezer; e o grau de instrução do chefe da família. Além de se basear apenas no consumo e de itens muito básicos — alguns até em desuso — é absolutamente ultrapassado e não contempla transformações socioculturais nem as que a tecnologia tem proporcionado.

O item ter empregada doméstica mensalista, neste momento de mudança radical na relação trabalhista dessas profissionais, só corrobora que é necessária uma urgente revisão do Critério Brasil. A nova classificação social feita na Inglaterra, levando-se em conta todas as diferenças destas duas sociedades, pode ser um bom ponto de partida para se pensar em um critério um pouco mais próximo da realidade.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Orientação Técnica de Filosofia

Foto: Débous

Caros Professores da DER SJCampos, conforme circular 127/2013, venho informá-los da convocação para Orientação Técnica aos professores que lecionam FILOSOFIA. A circular já foi encaminhada às escolas e também aos emails pessoais dos professores do banco de dados de 2012.
 

Desde já agradeço as reflexões vigorosas e as ações efetivas na consolidação dessa disciplina tão fundamental para a construção de uma educação pautada no pensar crítico e autônomo. Aproveito para pedir que reencaminhem esse mensagem à outros professores de Filosofia.


Segue os dados da convocação:
Data: 24 de abril de 2013, das 8h às 17h;
Local: Oficina Cultural Altino Bondesan – Avenida Olivo Gomes nº100 / Parque da Cidade – Santana – São José dos Campos – SP (ao lado do CEAMA).
 
 

terça-feira, 16 de abril de 2013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Centro de Referência Paulo Freire disponibiliza digitalmente obra do educador


O Centro de Referência Paulo Freire, dedicado a preservar e divulgar a memória e o legado do educador, disponibiliza vídeos das aulas, conferências, palestras e entrevistas que ele deu em vida.

A proposta tem como objetivo aumentar o acesso de pessoas interessadas na vida, obra e legado de Paulo Freire. Para os interessados em aprofundar os ensinamentos freirianos, o Centro de Referência também disponibiliza artigos e livros que podem ser baixados gratuitamente. (Fonte: A Tarde Educação)

Clique na imagem para ser direcionado ao site

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Orientação Técnica de Sociologia



Caros Professores da DER SJCampos, conforme circular 121/2013, venho informá-los da convocação para Orientação Técnica aos professores que lecionam SOCIOLOGIA. A circular já foi encaminhada às escolas e também aos emails pessoais dos professores do banco de dados de 2012.


Desde já agradeço as reflexões vigorosas e as ações efetivas na consolidação dessa disciplina tão fundamental para a construção de uma educação pautada no pensar crítico e autônomo. Aproveito para pedir que reencaminhem esse notícia à outros professores de sociologia.

Segue os dados da convocação:
Data: 16 de abril de 2013, das 8h às 17h;
Local: Oficina Cultural Altino Bondesan – Avenida Olívio Gomes nº100 / Parque da Cidade – Santana – São José dos Campos – SP (ao lado do CEAMA).

terça-feira, 9 de abril de 2013

XVI ENCONTRO DE FILOSOFIA DA USP – 2013

O Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) promoverá, de 15 a 19 de abril, o XVI Encontro de Graduação em Filosofia da USP, a ser realizado no Conjunto Didático de Filosofia e Ciências Sociais da FFLCH. O evento trará 45 mesas sobre pesquisas em Filosofia, além de mini-cursos. A programação completa e os horários das atividades estão disponíveis no site do Encontro.

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